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viernes, 13 de agosto de 2010

Auto superação - Contando um pouco da minha própria história

Venho de um longo processo de tentativa de auto-superação. Como nem todo mundo sabe, minha mudança do Rio para Buenos Aires se realizou em condições de extrema tensão, que dividiu meu periodo aqui em dois momentos: o primeiro, de diversão e alegria, quando eu tentei me integrar, conseqüentemente, ignorando os problemas que me trouxeram até aqui. Depois, "caí na realidade" e tive que me confrontar com todos os problemas, que me apresentaram uma "conta alta" por quase um ano de tê-los deixado no esquecimento, tentando encobri-los tanto quanto eu podia. Então, sendo otimista, posso dizer que estive lutando durante um ano e meio, aproximadamente, com problemas para dormir, ansiedades, tristezas e uma busca incessante por sentir-me melhor, por encontrar um caminho. Neste período, produzi grandes mudanças na minha vida: reavaliei meus princípios e valores, revi o que me fazia feliz. De repente, se tornou sumamente importante que a vida tivesse um sentido maior para mim, que fosse além daquilo que os outros julgavam bom ou correto. De repente, eu precisava fazer alguma coisa por mim mesma que tivesse valor a meus próprios olhos, independentemente do que os demais esperavam. Parei de trabalhar, entrei em uma universidade de Psicologia (sonho que trazia comigo desde a adolescência), comecei a usar o conhecimento que por tanto tempo cativei na Astrologia.

Eu estava prestes a retornar ao Rio, mas não gostava da idéia de fazê-lo simplesmente por não ter conseguido superar as dificuldades que me impediam de gozar da vida aqui. Afinal, pensei, quando escolhi Buenos Aires para viver, o fiz por razões específicas: segurança, melhor qualidade de vida, a experiência de viver no exterior. Não era possível que tudo aquilo não ia contar na hora de enfrentar ou superar uma dificuldade.

Me exigi, como sempre. Insisti. Busquei todas as saídas e opções pensáveis que me permitissem ter uma qualidade de vida possível aqui. Achava que, se tivesse que voltar, deveria fazê-lo porque assim o escolhia, e não porque não havia sido possível bancar a escolha que fiz em um primeiro momento de viver nesta cidade.

Comecei 2010 determinada a organizar o meu retorno ao Brasil. Ficaria aqui até o final do ano. Amava a idéia de voltar à minha antiga vida. Mas, muito racionalmente, eu sempre soube que minha vida de antes já não estaria lá, a minha espera. As coisas tinham mudado, as pessoas também, e novamente eu teria de reconstruir meu lugar lá também, ou seja, cumprir o mesmo processo que tinha tentado cumprir aqui, sem muito sucesso, nos últimos 3 anos. Ainda assim, sentia saudades da praia, do mar, da vista da Lagoa, de viver no meu idioma. Havia uma coisa que me deixava triste em ir embora: perder os amigos que eu tinha conquistado aqui neste período. Sim, porque apesar de Buenos Aires ser um lugar onde não se faz amigos com tanta facilidade como no Rio, uma vez que voce os faça, são amigos muito mais presentes. E isso era algo que eu amava, entre milhares de outras coisas: os quiches da Maru Botana, as saladas do Aroma, o Kansas, a universidade, ter as quatro estações bem marcadas durante o ano, os parques ... Antes mesmo de ir embora, eu já sentia saudades das coisas que deixaria para trás.

Já que teria que passar mais um ano aqui, pensei, vou tentar fazer esse "acerto de contas" e me livrar de todos os problemas que havia "ganhado" quando me mudei: as noites sem dormir, os ataques de pânico, as fobias inexplicáveis, as angústias intermináveis, e tudo o que tornava hostil a minha vida aqui. Então, me joguei, mais uma vez, pela última vez, em busca da "Marcia" de antes.

Sempre fui adepta da Psicanálise, sempre amei me analizar. Sentia que me analizar fazia de mim uma pessoa melhor. A Psicanálise me dá um marco de referência. Preciso entender as coisas, as pessoas, os sentimentos. Tudo acontece por uma razão, tudo tem uma razão, e eu sou uma daquelas pessoas que precisam entender o porquê das coisas, o que está por trás daquilo que se vê a olho nu. Mas não consegui encontrar aqui, nestes três anos, uma psicanalista com a qual me identificasse. "É a diferença de códigos e de idioma", pensava. Então, me dei uma chance com uma terapia cognitivo-comportamental. Uma vez que os problemas eram urgentes e que a Psicanálise é (na minha opinião) uma arte que trata das coisas da vida, que trata coisas menos urgentes, que trabalha com o tempo (e tempo era algo que eu já não tinha), pesquisei o melhor centro especializado em Terapia Cognitiva em Buenos Aires, e lá fui eu. Comecei a minha consulta e meu tratamento, não acreditando muito no início. Mas ... O que poderia acontecer de pior? Nada. Só continuar como estava. Perderia algum dinheiro. Mas eu achava que esse era um investimento em mim que podia valer a pena. Então, por que não tentar?

Comecei em abril! Fiz todos os exercícios, fui a todas as consultas, participei de todas as oficinas que me foram propostas. Às vezes, me sentia melhor. Às vezes, achava que piorava. Mas continuei. E fui melhorando. Já não sentia mais tanta angústia, meus dias já não eram tão tristes, tornou-se mais fácil compreender e aceitar a maneira de ser das pessoas, comecei a me sentir mais tranquila, minhas noites sem dormir foram desaparecendo, fui descobrindo coisas que eu gostava, aprendi a aceitar minhas limitações sem medo, aprendi a administrar minha ansiedade, descobri talentos antes esquecidos (como este blog), tomei coragem para me arriscar a fazer coisas que antes me assustavam... Melhorei tanto que, recentemente, encontrei uma psicanalista com quem eu realmente pude me conectar, há bem pouco tempo! Melhorei muito! Nas últimas duas semanas, por questões de agenda, não tive consultas. E hoje fui lá para dizer que realmente não senti falta do psicoterapeuta. Como era de se esperar, ele ficou feliz em escutar isso. Conversamos. Combinamos o meu retorno para dentro de 3 semanas, com a expectativa de que, depois desse perido, irei mais algumas vezes, mas só uma vez por mês.

Saí de lá com um sorriso no rosto e uma alegria indescritível no coração. Há 8 meses meus planos eram voltar para o Rio em dezembro. Agora me questiono se irei ao Brasil de férias no final do ano. Não sei se tenho a necessidade.

Me sinto segura, pronta até mesmo para outros voos. Sinto que posso andar de novo com as minhas próprias pernas. Não voltei a ser a Marcia antes, mas me tornei uma Marcia melhor do que antes, porque adicionei à aquela Marcia as experiências que tive neste período. Me conheço melhor. Sei que nem tudo eu posso. Sei que há limitações para o que nos propomos. Mas uma coisa não mudou: continuo achando que podemos sempre continuar lutando, sem desistir. Sei que é mais fácil, muitas vezes, se render ao sofrimento, voltar, assumir que realmente não podemos superar a situação e eliminar a dor do modo mais "simples". Mas é infinitamente mais compensador chegar quase ao limite de nossas forças e poder se superar por trabalho e mérito nosso, só nosso. Esse prazer é inexplicável.

Até o final do ano, eu era triste e tinha momentos felizes. Hoje eu sou feliz e tenho momentos tristes, como todos temos. Não é uma felicidade enlouquecedora, agitada ou ansiosa. É só felicidade. E isso é melhor do que eu poderia imaginar.

Finalmente entendi porque vou ser psicóloga: para ajudar as pessoas a entenderem que sempre é possível estar melhor. Para orientá-las a não se entregar, a não deixar de lutar. Para ajudá-las a entender que elas sim tem limites e devem respeitá-los, mas que isso não pressupõe contentar-se com uma meia-vida, nem viver infeliz. Acho que posso dizer que de dor eu entendo um pouco, e sei por experiência própria que é possível superá-la. É difícil, mas possível. Tem que querer muito, mas é possível. E conseguir isso é gratificante, é recompensador. Não precisamos sofrer para sempre! É sempre possível viver melhor! :-)

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